segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

LIÇÕES PARA PESSOAS E COISAS

Há alguns anos atrás propus uma instalação na qual uma sala de aula era repleta de bichos de pelúcia no lugar dos alunos. Esteticamente encantado, mas até hoje insatisfeito.
Ando mergulhado em pensar arte, fazer arte, compulsões. Atualmente em residência artística e com a dádiva de possuir verba para produção, sinto que joguei meu corpo em um saco e que funciono como uma máquina. Fotos, vídeos, desenhos, textos e performances diárias me dominam. Compulsões.
Em meu atelier convivo com o Abramo, meu grande urso de pelúcia e parceiro de performances. Nos olhos de plástico e, porém, repletos de emoção, sempre percebo nele uma vontade de performar novamente. Nossos espelhos... tal dono, tal bicho.
Nestes últimos dias recebi uma visita deliciosa da curadora Ana Paula Cohen para observar e estipular possíveis críticas ao meu trabalho. Senti uma grande objetividade sensível. Mudanças ocorreram em minha produção e poucos são os que notam. Nos primeiros minutos desta visita, Ana notou. Não me machuco mais em performances apesar de todos acreditarem no contrário. Feliz pelo conceito alcançado. Pensando em questões de voodoo: aflijo em mim e você sente.
Repensei a existência e ansiedade do Abramo. Aquele sim exerce o perfeito efeito voodoo: ele nunca se machuca (creio). Nos caminhos de meu percurso criativo senti nisto a resposta para, mais uma vez, performar com meu parceiro. Texto os movimentos do Abramo e os copio, buscando técnicas para sair ileso como ele.
Consegui. Conseguimos. Nos retiramos do salão e fomos descansar. Desta vez foi ele quem me abraçou pela noite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário