terça-feira, 22 de março de 2011

SER DEJETO.

Nunca me despi para fazer performances. Nunca considerei necessário.
Atelier de visitação pública e sem visitas. Dois chutes na bunda em tempo recorde, uma armadilha para príncipe que construí... e nada capturou. Buracos quebrados na parede com meu sangue. Rotas marítimas criadas com meu corpo, meu Arquipélago. Maquetes feitas com carinho e que o público destruiu. Percebendo a imobilidade, silêncio e falta de comunicação verbal. Muito trabalho e pouco viver aqui, agora, há algum tempo, não sei até quando, sem controle sobre isso. Habitando em um prédio abandonado e esquecido como eu, penso nesse momento. Uma idéia por dia como desafio a mim mesmo. Porque me desafiar? Pão com manteiga, pão com manteiga, pão com manteiga. Um café morno e fraco. Uma revista interessante que protelo a leitura.  Vagabundices necessárias.
Ser artista. Entender isso.
Abraçar o trabalho solitário. Batendo as mãos, como asas, sem sair do lugar. Fracasso nas intenções de liberdade. Unhas que são roídas ou quebradas por quedas no chão com sapatilhas. Não aceitar que sou bailarino. Preguiça de ser um: gosto de X-bacon com cerveja. Locais inóspitos para pensamentos da mesma natureza.
Resolvi, desta vez, não performar com um público. Tiro, pela primeira vez, a roupa e me vejo puro e desaparecendo nestes não-lugares com este possível não-corpo. Nú enquanto escrevo. Ainda.