terça-feira, 27 de abril de 2010

X - PONTO DETERMINANTE



Tenho certa facilidade em titular coisas paralelo ao abismo de encontrar conteúdo que as recheie. Determinante. Inevitavelmente, agora ou em outra atmosfera, é termo que teria que surgir.
Lembro daquela fase como lembro do gosto do café de alguns minutos atrás - ocorrido, a fase citada, há 5 anos. Para algumas perebas da adolescência não existe antibiótico que alivie – e neste período todos procuramos antibióticos, legais ou não, que possam sanar tudo que inquieta. E assim foi este antigo e delicioso (na sua própria azedisse) redemoinho.
Fatos cuspidos (assim que a nomeada sorte os lançou para mim; rápido, fedido, íntimo, ruim): câncer na mãe, homossexualidade ainda torta de aceitação no filho, desemprego na mãe, desemprego no filho, raiva na mãe, piercings e novos tons de cabelo no filho, discussões domésticas boderline assassinas ou suicidáveis. Quer seja palavra que exista ou não, gosto de dar títulos, para o que sei de mim, ao meu gosto.
Mas tinha meu garoto. Pertencia àquele garoto. Garoto disse estar exausto. Um ano depois, garoto me deixou. Perebas da adolescência. Sensação ilusória de paixão por todos que levianamente se envolviam – independente da mediocridade do tempo – comigo.
Este não. Cinco anos desaguaram, tentaram se reciclar e ainda permanecem, como chiclete ( com sorte não prenderão em minhas solas futuramente). Tinha me apaixonado. Ainda sou apaixonado. Entre tantos outros irrelevantes, este pé na bunda ainda mantém a marca do coturno circense do garoto nestas nádegas que, por epiderme, se extendem aos dedos que aqui escrevem. Amei, perdi.
Uma carta foi escrita após o término daquela junção sendo, esta prática, algo que mesmo sorrindo me trouxe incontáveis lágrimas. Sal molhado que, nos últimos meses de relação procurei socar para dentro de mim como colírio, lágrimas que se injeta e que, ainda assim, insistem em escorrer para fora ressaltando certas coisas. Um interior entupido, de fato, não é capaz de obter mais conteúdo. A física deve explicar melhor. Não sei. Estudei artes.
Na carta que escrevi, uma frase específica me gritou: “Contigo aprendo a respirar, aproveitar até a última fumaça de um incenso, olhar pra paredes e me jogar contra elas pela simples grandeza do ato de tentar ultrapassar”.
Pensava sobre nossa dança juntos, na perda de seu rítmo e no término das nossas músicas. Tentei relacionar com algum movimento impossível, mesmo que tentar fosse algo que já me satisfazesse na época.
Pensava em um X no chão de cimento, a demarcação de um tesouro em um local onde, sem ferramentas, não consigo cavar. Não havia mais ferramentas. Me jogo em uma parede, não a derrubo ou ultrapasso. Caio em um X vermelho no chão, não o quebro, não encontro tesouro. Repito essas ações com esperança até não aguentar mais. Ferido, me retiro.
Alguns aplaudem.
Outros premiam...e me pagam por isso.

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