terça-feira, 25 de setembro de 2012
FILHO
Então o PRIMEIRO filho saiu. Prepotente de mim de achar que não poderia ser capaz de dar à luz. Cá estamos. 365 dias de batalha pessoal por encontrar uma idéia... Consegui. O Performer conseguiu. Vamos pensar juntos por um momento, se me permitir: Nada disto foi feito com a arrogância de ser somente algo pessoal ou para ser mostrado assim. Compartilhar é a delícia e motivação para o que faço. Este produto não é meu, é nosso. Espero que seja. E um desejo e indicação que quero lhes deixar: performem, de certa forma, todos os dias. Temos que colorir o que chamamos de vida. Um carinho para todos.
http://liliancomunica.com.br/site/index.php/midia/saraiva-conteudo-publica-perfil-com-felipe-bittencourt/
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
ONÍRICO
Contradições de cama: muito sono e insônia por aqui. Exausto e mole, cabeça em ponto de bala constante. Nestes ultimos tempos me ausentei, em parte, de criações poéticas pessoais e me infiltrei em um coletivo cênico denominado Piratas de Galochas (www.piratasdegalochas.blogspot.com). Desenvolvemos um espetáculo colaborativo que se dá em um prédio de ocupação do movimento MST. Invasores de um local já invadido, somos. Temos respeito da comunidade, apoio e público. Fãs. Percebo que somos pseudo pop stars naquele ambiente.
Vejo, porém, tudo um tanto inanimado e abandonado por ali. Em um local habitado por entulhos, ocasionais ratos, gatos esfomeados e alguns brinquedos antigos, velhos, mofados e esquecidos - me trazendo a sensação de um universo fantasmagoricohollywoodiano - penso em nossa presença como corpos que ativam um espaço com potenciais ainda não explorados.
Como disse, insônia por aqui. Coletei um pequeno boneco de pelúcia abandonado no prédio da ocupação. Encontrei ironia e similaridades com a coisa quando vi que o boneco utilizava um pijama, apesar de não somente ser um objeto inanimado como, também, de estar sempre de "olhos" abertos.
Sem sono, resolvo o fotografar em minha cama. Intuitivamente tomo o cuidade de nunca revelar o rosto do boneco (talvez os olhos sempre abertos me inquietam ainda. No fim de uma investigação visual me sinto, finalmente, cansado. Deito, mas não esqueço de registrar este triunfo antes.
Vejo, porém, tudo um tanto inanimado e abandonado por ali. Em um local habitado por entulhos, ocasionais ratos, gatos esfomeados e alguns brinquedos antigos, velhos, mofados e esquecidos - me trazendo a sensação de um universo fantasmagoricohollywoodiano - penso em nossa presença como corpos que ativam um espaço com potenciais ainda não explorados.
Como disse, insônia por aqui. Coletei um pequeno boneco de pelúcia abandonado no prédio da ocupação. Encontrei ironia e similaridades com a coisa quando vi que o boneco utilizava um pijama, apesar de não somente ser um objeto inanimado como, também, de estar sempre de "olhos" abertos.
Sem sono, resolvo o fotografar em minha cama. Intuitivamente tomo o cuidade de nunca revelar o rosto do boneco (talvez os olhos sempre abertos me inquietam ainda. No fim de uma investigação visual me sinto, finalmente, cansado. Deito, mas não esqueço de registrar este triunfo antes.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
MAPEAMENTO
Há de haver algum tesouro em qualquer esquina. Não acredito em locais completamente negativos. Mas pensando em definir o que é um tesouro, um achado, algo bom. Penso de forma inversa: talvez nós possamos ser o tesouro de cada esquina, nossa presença, nosso transe e passagem por elas. As esquinas estão aí e somos nós que as ativamos, que passamos por elas.
Nossos trajetos, rotas para se chegar a lugares. Sabemos que a distancia mais curta entre dois pontos é uma linha resta. A cidade não possui teleféricos suficientes para este ganho. Fazemos curvas, viramos esquinas e nos esquecemos delas pensando somente no ponto final. Muito foco no resultado e não no processo. Falha nossa.
Recordo-me da época em que pensava somente nos pontos finais ignorando o caminho para eles. E, ironicamente, no fim, eu só tinha a exaustão. Cansado e machucado por todo um caminho que não prestei a atenção devida. Aquilo tinha sido a coisa. Este local final nada mais é do que uma conseqüência. Assim, qual foi o ato?
A professora saiu da sala, roubei vários giz de lousa. Mapeei todas as esquinas que agüentei em um passeio. Cansaço relevante agora.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
ARMADILHA PARA PRÍNCIPE.
Pé na bunda parte 6. E esse de qualidade e origem internacional (não é a primeira ocorrência disto). Coisa inventada. De fato nunca iria acontecer mas não controlo o mecanismo na minha cabeça de inventar histórias e transferir as mesmas pro resto do meu corpo. Se entra sai, mas esta segunda parte parece ser mais complicada. Principalmente quando, certamente, sequer entramos. Achava que sim.
Dar OI parece ter sido o primeiro erro. Agora entrei em outras pesquisas, torci um pé, perdi uma unha e ontem fuzilei o pé restante. Pausa. Todos estes ferimentos não foram propositais (?).
Aceitando os objetos que deles surgem ou que os fazem surgir. Aceitando as histórias imaginárias de minha cabeça. Aceitando esquecer o mundo como ele era até a semana passada e a nova condição de conto de fada que se infiltrou.
Estendo a qualidade estética de meu cabelo. A trança que possuo e que todos dizem estar enorme está, para mim, pequena demais. Sem atração ou alcance suficiente para príncipe algum morder a isca. Como criança que foge dos pais, tranço uns 40 metros de lençol e os jogo pela janela.
Armadilha em condição de espera.
terça-feira, 22 de março de 2011
SER DEJETO.
Nunca me despi para fazer performances. Nunca considerei necessário.
Atelier de visitação pública e sem visitas. Dois chutes na bunda em tempo recorde, uma armadilha para príncipe que construí... e nada capturou. Buracos quebrados na parede com meu sangue. Rotas marítimas criadas com meu corpo, meu Arquipélago. Maquetes feitas com carinho e que o público destruiu. Percebendo a imobilidade, silêncio e falta de comunicação verbal. Muito trabalho e pouco viver aqui, agora, há algum tempo, não sei até quando, sem controle sobre isso. Habitando em um prédio abandonado e esquecido como eu, penso nesse momento. Uma idéia por dia como desafio a mim mesmo. Porque me desafiar? Pão com manteiga, pão com manteiga, pão com manteiga. Um café morno e fraco. Uma revista interessante que protelo a leitura. Vagabundices necessárias.
Ser artista. Entender isso.
Abraçar o trabalho solitário. Batendo as mãos, como asas, sem sair do lugar. Fracasso nas intenções de liberdade. Unhas que são roídas ou quebradas por quedas no chão com sapatilhas. Não aceitar que sou bailarino. Preguiça de ser um: gosto de X-bacon com cerveja. Locais inóspitos para pensamentos da mesma natureza.
Resolvi, desta vez, não performar com um público. Tiro, pela primeira vez, a roupa e me vejo puro e desaparecendo nestes não-lugares com este possível não-corpo. Nú enquanto escrevo. Ainda.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
LIVRE SIMETRIA
Técnica. A opção atual para ser intenso e fugir da dor. Me acostumando com esta idéia já que não posso fugir do que surgiu naturalmente. Intenções respeitadas. Pesquisas constantes sobre profissionais de diversos corpos. Copiei mímicos, ensaiei balé, renovei minhas joelheiras, criatividades de universo clown, truques de mãos para enganar platéias em espetáculos de mágica.
Todos os dias, no mínimo uma pomba bate na janela do meu atelier. Sempre acreditei serem bichos de pouco raciocínio, mas não esperava que meu espaço de criação fosse um magnético para os tais ratos alados. Vôo torto, descoordenado, mal intencionado. Péssimas performers.
Pensei em correções e, a princípio, estudar movimentos de bater de asas para começar uma possível pesquisa. Dominado o movimento, agora era o momento de corrigir os atos das pombas desorientadas. Ser simétrico, orientado e focado. Já estava completa uma primeira parte do que me desafiei: mais preciso que pombas. Porém, tão banal em meus resultados que logo percebi que qualquer um poderia fazer esta nova ação. Nada peculiar. Nada muito próprio. Nada muito autoral.
Novo desafio: movimentos complexos de se superar. A pesquisa foi pro hip-hop e para o corpo indiano. Bati minhas asas para o público. Não creio que fiz dança, mas me sinto como uma bailarina oposta. Meus braços ficaram estragados por dois dias. Hoje já consigo escrever.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
LIÇÕES PARA PESSOAS E COISAS
Há alguns anos atrás propus uma instalação na qual uma sala de aula era repleta de bichos de pelúcia no lugar dos alunos. Esteticamente encantado, mas até hoje insatisfeito.
Ando mergulhado em pensar arte, fazer arte, compulsões. Atualmente em residência artística e com a dádiva de possuir verba para produção, sinto que joguei meu corpo em um saco e que funciono como uma máquina. Fotos, vídeos, desenhos, textos e performances diárias me dominam. Compulsões.
Em meu atelier convivo com o Abramo, meu grande urso de pelúcia e parceiro de performances. Nos olhos de plástico e, porém, repletos de emoção, sempre percebo nele uma vontade de performar novamente. Nossos espelhos... tal dono, tal bicho.
Nestes últimos dias recebi uma visita deliciosa da curadora Ana Paula Cohen para observar e estipular possíveis críticas ao meu trabalho. Senti uma grande objetividade sensível. Mudanças ocorreram em minha produção e poucos são os que notam. Nos primeiros minutos desta visita, Ana notou. Não me machuco mais em performances apesar de todos acreditarem no contrário. Feliz pelo conceito alcançado. Pensando em questões de voodoo: aflijo em mim e você sente.
Repensei a existência e ansiedade do Abramo. Aquele sim exerce o perfeito efeito voodoo: ele nunca se machuca (creio). Nos caminhos de meu percurso criativo senti nisto a resposta para, mais uma vez, performar com meu parceiro. Texto os movimentos do Abramo e os copio, buscando técnicas para sair ileso como ele.
Consegui. Conseguimos. Nos retiramos do salão e fomos descansar. Desta vez foi ele quem me abraçou pela noite.
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