quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ONÍRICO

Contradições de cama: muito sono e insônia por aqui. Exausto e mole, cabeça em ponto de bala constante. Nestes ultimos tempos me ausentei, em parte, de criações poéticas pessoais e me infiltrei em um coletivo cênico denominado Piratas de Galochas (www.piratasdegalochas.blogspot.com). Desenvolvemos um espetáculo colaborativo que se dá em um prédio de ocupação do movimento MST. Invasores de um local já invadido, somos. Temos respeito da comunidade, apoio e público. Fãs. Percebo que somos pseudo pop stars naquele ambiente.
Vejo, porém, tudo um tanto inanimado e abandonado por ali. Em um local habitado por entulhos, ocasionais ratos, gatos esfomeados e alguns brinquedos antigos, velhos, mofados e esquecidos - me trazendo a sensação de um universo fantasmagoricohollywoodiano - penso em nossa presença como corpos que ativam um espaço com potenciais ainda não explorados.
Como disse, insônia por aqui. Coletei um pequeno boneco de pelúcia abandonado no prédio da ocupação. Encontrei ironia e similaridades com a coisa quando vi que o boneco utilizava um pijama, apesar de não somente ser um objeto inanimado como, também, de estar sempre de "olhos" abertos.
Sem sono, resolvo o fotografar em minha cama. Intuitivamente tomo o cuidade de nunca revelar o rosto do boneco (talvez os olhos sempre abertos me inquietam ainda. No fim de uma investigação visual me sinto, finalmente, cansado. Deito, mas não esqueço de registrar este triunfo antes.