Perfil temporariamente pictórico. Andava gostando de ver pinturas. Não necessariamente de pensar sobre as imagens que elas me apresentavam, mas sim, de ver pintura em exposição. Ainda não entendendo bem o motivo.
Agora já entendo e, inclusive, carrego uma nova descoberta na maleta: só gostava de ver as grandes.
Semana passada acompanhei a desmontagem de uma exposição. Lindo ver a potencia de um espaço ser esvaziado até ser somente espaço. A bienal já tinha me dado esta lição. A quantidade de materiais, de todo tipo, empihados juntos com seus respectivos pares –objetos fazendo panelinhas – era encantadora. Madeira, metal, ferro, aço, mármore, vidro, bla bla bla e TAPETES ISOLANTES DE SOM perfeitamente conservados, retangulares e enormes. Pedi para levar, me deram, levei dois.
Penduro na parede e observo. Não produzo nada novo mas entendo que o formato me hipnotiza. Gostando de pinturas... IMPULSOS NATURAIS DE PERFORMER: me joguei na parede, agora forrada, de todas as formas. Brinquei de me balancar em frente à parede forrada, como um autista clichê, batendo de leve minha cabeça. Fazia isso enquanto pensava.
Noto que a estrutura isolante estava quase que exatamente ao meio da parede. Me afastei e cortei um círculo ao meio da estrutura para ver este ponto central. Enquanto desenho, para mim, tudo naquela situação se encaixou. Se não fico imóvel naquele ponto não o sentiria. Logo, sequer o perceberia. Ao menos não tão cedo.